segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Um pouco de poesia








Espetáculo


Álvaro Alves de Faria

O salto mortal é meu número especial nesta tarde de domingo. Não tentarei o trapézio, por não saber voar sobre as cabeças que torcem para a corda arrebentar. Pensando bem, abrirei a tarde falando ao respeitável público que farei a mágica final: desaparecer sem nunca ter sido visto por ninguém.




Sobre o autor: Paulistano, jornalista, poeta e escritor. Ganhou inúmeros prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti.Foi preso cinco vezes e levado ao Dops (década de 1960), acusado de subversivo, por seus recitais públicos de poesia em São Paulo.



Frustrações, decepções e euforias

Samuel Rawet



Tenho grandes euforias. Amo e odeio apaixonadamente. Uma vida intensa, difícil, saborosa! Acho a vida uma grande aventura. Espero que os idiotas me compreendam.




Sobre o autor: Nascido na Polônia, veio para o Brasil com sete anos. Samuel Rawet (1929 - 1984) era muito introvertido e até esquisito. Andava pelas ruas de Brasília de shorts, chinelo e uma gaiola nas maõs: "para pegar rato judeu". Samuel era judeu.




Das buscas e descobertas

Eduardo Canabrava Barreiros




Foi temendo o isolamento que me integrei na multidão. Isolei-me ainda mais! Foi receando a miséria que amealhei. E me tornei miserável! Foi apavorado ante a morte que me defendi. E acabei matando! E pior: foi temendo o medo de ter medo que me tornei medroso.




Sobre o autor: Renomado historiador e cartógrafo brasileiro.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Dúvida, medo e produção

Eu jurava que meus planos iriam dar certo. Eu tinha tudo pronto em minha mente.
Não havia a menor dúvida do que eu queria, e exatamente por isso que eles deram em nada. Sinistro...
Mas sabe... Eu não me arrependo. O problema é voltar à estaca zero e recomeçar tudo de novo. Será que consigo?
No caso, essa dúvida infeliz é um bom sinal, ela não é vilã. Antes eu não a tinha pra me aporrinhar, agora tenho. Será? Será que consigo? Ai é uma questão de força de vontade e paciência. Porque agora com uma manada de elefantes pesando atrás das orelhas, fica tudo perigoso na nossa cabeça. Um medão danado, chão feito de casca de ovo de galinha de granja! Sabe aquele chocado na estufa? Gelo fino trincado sobre um rio congelado. Shiiiiiii! Silêncio... Se não vai acordar a má sorte que parece ter dado uma trégua.
E tem mais, ao primeiro estalo, corre pra não afundar, mesmo que ás vezes seja só um pequeno estralar dos dedos, ou um movimento com o pé que fez estralar uma junta... Mesmo assim, não tenho culhão para enfrentar. Não senhor! Chega de afundar sem saber nadar.
Mas e agora? Como fica? Medo, insegurança, cagaço, tristeza, solidão... Falando em solidão, é o que eu costumo dizer á mim mesmo e às vezes, para alguns amigos mais corajosos que eu:

A solidão não tem surpresas. É sempre aquilo e pronto você já sabe como é. Sem sustos!

A solidão encarada como algo seguro, definido, estável. O lance é fazer a opção.
Agora, uma pergunta. Porque não conseguimos ficar assim, numa boa, cada um na sua? Dá uma desafogada de vez em quando e pronto, toca o enterro.
Sinceramente se soubesse a resposta talvez não estivesse aqui questionando. E ai, ninguém iria ler esse texto, e ai, alguém que pensa assim jamais iria se identificar e descobrir que não esta só nessa situação. Putz! Acabei com a segurança da solidão... Ai que ta! Os sentimentos forçam a gente a produzir coisas. Quem nunca ouviu as histórias de artistas famosos, músicos, pintores, que tiveram grandes decepções, grandes traumas na vida, muita tristeza, solidão, medo e angustia? E isso desencadeou uma reação que simplesmente salvou-lhes a existência! Salvaram a lavoura sem querer, sem ter planejado nada disso. E isso, os fez emergir do mergulho surdo e profundo provocado pelo choque traumático. Saca só o que esse cara escreveu e tenta imaginar o que ele tava sentindo:

Sinto a vida calefar pelos poros. Não posso conter o apelo de minha anatomia. Sou o veículo frágil das hipóteses desconexas, das crenças céticas, dos hermetismos confessos. Sou corpo que não cabe em recipientes. Sou o títere das articulações engessadas. Sou eu mesmo o meu próprio simulacro.

O sentimento de medo, dúvida, desconfiança, pode ser usado para isso.
Desde uma bronca até mesmo um trauma castrante, deve produzir algo. Se não é só dor e mais nada. E acabamos por nos contorcer com isso tudo atado a nós e não geramos nada. A gente repudia tanto a dor como algo que não nos pertence... Nós não aceitamos que ela também é algo mais nobre que simplesmente sofreguidão e lamúria, ela é lapidação.
O paradoxo aqui fica subentendido como medo e coragem, ação e reflexão. A dúvida nos faz refletir, o medo, nos faz pensar, e quando pensamos... Bom, quando pensamos damos um tempo. Apertamos o pause no controle remoto e avaliamos a situação por vários ângulos. E então... Decidimos... Ou não! A parada que damos nos faz ir mais adiante, nos trás coragem, a coragem da certeza, de que é por este caminho que se deve continuar.
Eu decidi e até agora não me convenceram do contrário... Ainda... Digo ainda porque algumas hipóteses não podem ser totalmente dispensadas.
Imaginamos que tudo isso seja um pequeno estágio, uma fase do jogo que temos que passar para atingir a grande meta, o alvo, o objetivo maior, aquele que esta preparado para nós. Parecem apenas momentos de treinamentos e aprendizados que vão culminar no “viver de verdade”, lá na frente, algo incrível.


Porque esse medo, esse maldito “pit-stop” , como já dizia meu irmão mais novo, essa sala de espera, parece nos atrasar a viagem, nos trazendo a sensação de perda de tempo, mas não se trata disso. Essa parada para beber água, esse pix existencial, é parte do processo, está contido no conjunto, assim como pregam os filmes de ficção ciêntífica, as viagens no tempo, já estão todas na história dos acontecimentos, também sendo contabilizado como tempo normal e válido.

Isso me faz lembrar da frase naquela música do John Lennon: “A vida é tudo aquilo que acontece enquanto fazemos outros planos”
Será que então é essa minha vida e eu ainda não estou aceitando que ela seja assim?

Provavelmente...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Viajando sem se mover.






A estrada esta lá, nos esperando. Depois de uns bons quilômetros afastados da cidade, parar no meio do nada, para tomar um café que seja, sentindo o vento dos outros veículos passando em velocidade vertiginosa, o som dos pneus no asfalto, a sensação de liberdade, de estar fugindo do lugar comum, a mercê do inusitado...
Saber que a estrada não acaba quando termina sua viagem, ela te desafia sempre á ir mais adiante, pois como dizia o maluco do Nietzsche: “Quem alcança seu objetivo, pode ir além”.
De repente você para. Não em um posto, não em um restaurante, simplesmente para no acostamento. Sai do carro, fica quieto por um instante ouvindo o som da estrada. Os carros se aproximando, a intensidade do som aumentando e depois, vai abaixando, enquanto eles se afastam... O silêncio pitoresco desse não-lugar predomina de forma agradável e relaxante. Viajar, sempre estar quebrando uma inércia, para cair em outra, seja do movimento, seja da estática, a estrada propõe isso, como um punhado de frivolidades, que logo se troca, se abandona, e toma distância, afastando-se ao apertar o pedal do acelerador. De maneira volúvel, aquele lugar que ficou para trás, cede ao próximo horizonte às honras de ser destaque do seu traçado. Você esta quase que em um movimento retilíneo uniformemente variado. Você é o Az do volante, faz milagres com seu carro 1000, ou com seu fusca Fafá de Belèm, seu gol á ar, famosa chocolateira, ou mesmo com seu chevetinho invocado. Em pouco tempo já se estará em outra beira de asfalto tão desabitado quanto o anterior, por onde passam milhões, mas ninguém pertence aquele ponto do mapa. Talvez no maximo uma placa marcando a quilometragem, afundada na beira do acostamento, meio encoberta por capim, toda enferrujada como que querendo dizer : Estou aqui á muito tempo.
A paisagem muda passa rápida e a gente vê uma casinha no meio do nada, cercada por coisa alguma e pensa como será que esse cara faz para comprar pão de manhã...
Tudo isso me faz lembrar com saudade de um grande poeta, que trás a essência da estrada num dos versos de sua canção:

Toda estrada leva, á algum lugar,
Mesmo que não seja aonde se quer ir.
É preciso escolher, é preciso decidir,
Ver a direção, então partir.

sábado, 21 de julho de 2007

Urbanofobia








De repente ele abre os olhos… Uma sensação de vazio no estomago, a boca seca, os olhos inchados, a mente tentando se situar.
Olha pelo vidro embaçado. Ta escuro lá fora. Gotas escorridas de água provam duas coisas: ou choveu, e ele não viu, ou ele dormiu tanto no ônibus que foi parar na garagem, lavaram o veículo, sem que ninguém percebesse o indivíduo ali. Isso acontece às vezes, quando nos “camuflamos” na multidão. Não somos mais o João, o Carlos, o Marcos, somos uma massa, e no momento em que esse amontoado se extingue, não sobra percepção para indivíduos isolados.
Apesar de já ter passado por isso antes, ainda não acostumara com esse sentimento de vazio, flutuação, de falta de sei lá o que. Por isso, correu os olhos pelo local e percebeu que o abafado que sentia era porque o coletivo estava cheio. Muita gente em pé, como peças inteiras de carne penduradas no gancho de um caminhão frigorífico balançando displicentemente, impossibilitando as poucas chances do vento circular e aplacar o calor, um vento que vinha de uma tímida fresta de uma janela ligeiramente aberta do outro lado do corredor. Provavelmente todos já respiravam aquele ar insalubre, repetido, já conhecido pelos pulmões, que de tanto resfolegar, tinha mais gás carbônico que oxigênio.

Mas qual era o problema? Alguma vez foi diferente disso?
O problema não era o abafado e a péssima qualidade do ar. O incomodo maior era não saber para onde se estava indo. Ele não sabia se estava indo trabalhar, ou voltando do trabalho direto para casa, se estava indo para casa vindo da faculdade, ou mesmo, se estava no meio do percurso do trabalho para faculdade.
Por alguns segundos não se sabia a direção, o sentido... Parecia estar num “limbo urbano”, no meio de um caminho para não se sabe aonde, e vindo de lugar nenhum.
Novamente, esticou o pescoço numa ultima tentativa de identificar alguma coisa que o trouxesse de volta para órbita, para o chão, ou melhor, para o assoalho, tentando desta forma reconhecer o cobrador. Sim, era ele, que maravilha! Nunca havia sentido tanta afeição por outro homem como naquele momento. Ao vê-lo sentiu-se aliviado. Ufa! Estava indo para casa, sim, com certeza. Parece que o chão surgiu debaixo dos sapatos, o ar refrescou, uma leve brisa da noite invadiu o local, alguém havia escancarado à janela de forma generosa! Sentiu-se de volta de uma viagem longa, pois reconheceu no cobrador a figura daquele que sempre o acordava aos gritos:

“ Finaaaal, ponto finaaaal!”

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sobre o sofrimento desta semana.

"Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para a suportar."
(Selma Lagerlof)

Modéstia

Quem fez da modéstia uma virtude esperava que todos passassem a falar de si próprios como se fossem idiotas. O que é a modéstia senão uma humildade hipócrita, através da qual um homem pede perdão por ter as qualidades e os méritos que os outros não têm?

O filósofo do pessimismo, Arthur Schopenhauer, nasceu na Polônia (1788 - 1860). Inimigo intelectual e pessoal de Hegel. Sua observação atenta do comportamento humano foi precurssora da psicanálise.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Pra Dentro











Quem sabe explicar, o que se sente no final de algo bom. Uma viagem, uma diversão, um bom filme, uma comida deliciosa, uma transa fantástica, uma boa conversa, uma boa piada, em fim, o que acontece?

Aquele buraco enorme de Domingo no final da tarde, ou mesmo depois de ver um filme de aventura onde os personagens viajam por lugares exóticos, e tem uma vida agitada e recheada de emoções, e você de repente desliga a TV... Aquele silêncio na sala, você olha em volta e esta no mesmo lugar de sempre, com o controle na mão, tentando descobrir porque esta se sentindo uma ameba, pequeno, inferior. Você não tem aqueles músculos, e nem aquele corpo, não tem uma viagem para fazer, não tem uma garota linda para salvar, ou mesmo algum cara que te salve da vida que você vive agora, querendo te levar á qualquer lugar, menos aquele onde você se encontra.

As crianças são sempre mais sinceras. Quando a brincadeira acaba, elas ficam tristes na hora, reagem à falta daquilo que estava tão bom. Nós também sentimos falta, mas temos que ser “maduros”, cocientes de que aquilo uma hora iria acabar...E caímos numa cruel realidade, insípida. Talvez aqui possamos classificar alguns desses males que atualmente vem sendo cada vez mais presentes em nossas vidinhas: o tédio, a rotina, a mesmice, a depressão, a insatisfação entre outros.

Agora, imagine um dia muito especial, um dia ideal. Onde acontecesse tudo que você quisesse.
Se agora, nesse momento, você pudesse fazer exatamente o que quisesse. E nas próximas 24 horas você pudesse escolher qualquer coisa, tendo o poder de fazê-la acontecer, no passado ou no presente. E melhor ainda, tudo se repetisse durante muito, mas muito tempo. Imagine...

Tomando uma batida na praia de Porto de Galinhas, um café num bristô em Paris, boiando numa piscina em um hotel 15 estrelas de frente pro mar nas ilhas Cayman ou em Bora-Bora no Tahiti ou qualquer outro lugar paradisíaco, praticando mergulho em Fernando de Noronha, assistindo ao Festival Hurricane na Austrália (festival que reúnes os maiores nomes da música da atualidade que teve inicio em 1973 e que só acontece no gelado continente Europeu), um show intimista com seu artista preferido, almoçando em uma cantina no Bexiga(SP), catando siriri numa noite quente de verão, pulando amarelinha com uma casca de banana na mão, visitando as ruínas dos Maias em Machu Picchu, viajando em um belo conversível numa estrada, em alta velocidade, ou simplesmente dormindo em sua cama.

Mesmo assim, sê isso continuasse a se repetir, e repetir, dia após dia, será que não voltaríamos aos sentimentos de vazio, exatamente aqueles dos quais queríamos fugir?

É muito difícil lidar com essas coisas. Parece que é algo alienígena em nós. Um desespero para pode identificar o que se passa provoca idas sem razão á geladeira, sem saber o que se quer. Uma insatisfação compulsiva e desenfreada.

Não tenho aqui a pretensão de esmiuçar, muito menos esgotar o assunto, nem tão pouco elucidar isso tudo. Mas com um pouco de reflexão, não faz mal a ninguém, e talvez vamos chegar ao inicio de algo que possa ser considerado uma tímida referencia na direção da tentativa de estancar essa sangria.

Por nos acostumarmos com paliativos, compridos que aliviem rapidamente esses tormentos, nos contentamos em enganar as sensações, com essas pequenas doses de coisas que se desfarão tão rapidamente quanto um filme de aventura ou uma volta na montanha russa. Esquecemos que as coisas boas de verdade, que ficam que permanecem, vêm de processos morosos, lentos, quase estáticos e imperceptíveis como o movimento da terra.

São as que conseguimos injetar, colocar de alguma forma, pra dentro de nós. Coisas que aos poucos, mudem nossa visão, nossa forma de enxergar as pessoas e as situações. Que façam repensar conceitos, paradigmas, opiniões, reavaliar, mudar, como diria Raulzito, que nos torne em uma “metamorfose ambulante”. Que preencham mais do que a simples adrenalina do entretenimento. Porque o que você absorve de conceito, valor, aprendizado, de conteúdo, não tem fim. Não termina quando sobem os créditos, não se acaba junto com o dinheiro, não desaparece quando chega ao clímax, muito menos some quando o radio-relogio desperta numa manhã de Segunda-Feira. Esses novos conceitos absorvidos, essas novidades que te fazem sair de uma zona de conforto, irão te acompanhar pra toda vida, e sempre estarão lá, quando você precisar.


Marcelo Silva
08/2006

Mundos Diferentes


As paredes são espessas, são altas. Olhando pra cima, não sê vê o fim delas, são como muros, são um labirinto, não permitem outro caminho, a não ser o da busca pela saída. Tentei voar, mas fui alto demais, minhas asas derreteram e cai aqui de volta. Não dei ouvidos ao Dédalo que gritava ao meu lado. Acreditei que aquele meu vôo me levaria ao sucesso, á luz, me traria alivio, ar fresco.

Esse labirinto tem vida própria, e suas paredes parecem estar impregnadas de tudo que já foi dito e feito algum dia. Como uma tatuagem pra todos verem, o relato de tudo que já se confessou entre elas.
Elas são as testemunhas de um passado que ainda mora numa região de fácil acesso. E que a qualquer momento vem me fazer uma visita surpresa. Essas paredes não tem compaixão, não sentem remorso, não voltam atrás, não dão espaço. Elas se fecham, se contraem, espremem, comprimem, pra que o sumo daquilo que conheço de mim mesmo seja tirado. Quanto mais demoro em achar a saída, mais me desgasto com o resvalar dos braços e dos cotovelos nos tijolos. E assim vão ficando pelo caminho nacos de minha carne, pedaços de pele, de sonhos e vontades, de desejos e idéias, de ideais e esperanças...

Essas paredes, esses muros não me querem por inteiro. Querem a minha identidade, a minha sensibilidade, minhas habilidades, paciência e destreza, meu caráter, meu ódio, minha raiva, meu carinho, pra que não fique mais nada de mim em mim. E simplesmente eu me transforme num bagaço, um resto de algo que já foi um fruto, que saciou a fome de alguém.
Eu perco o viço, a cor e o cheiro. Estou fadado a descobrir a saída do labirinto em que me encontro em troca do que eu sou hoje. Pra me tornar outro eu, lá na saída. Tudo o que me pertencia orinalmente ficou no caminho, ficou nas paredes.

Porque me sujeito a isso? Porque baixo a cabeça e engulo seco o que realmente quero e o que eu sinto? Tudo que realmente acredito? Como é que fica? Quem vai me devolver isso?

Mas eu não cobro isso de ninguém. Nem de mim mesmo. Sabe porque? Porque realmente acredito que assim é que deve ser. Foi assim que me ensinaram, e eu acreditei, e é assim que se faz, afinal, todos estão nessa.

Então se isso é normal e comum, porque não estou feliz? Porque as escoriações me incomodam tanto? Porque estou questionando?
Porque isso não traz mais luz? Não desafoga o peito? Não enxuga as lágrimas, não alivia a dor? Porque o fato disso tudo ter que ser assim, não me convence mais? Parece que o mertiolate que me deram só arde não cura...

A resposta é simples. Isso acontece quando o que eu preciso o que eu acredito pertence a mundos diferentes.