quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Viajando sem se mover.






A estrada esta lá, nos esperando. Depois de uns bons quilômetros afastados da cidade, parar no meio do nada, para tomar um café que seja, sentindo o vento dos outros veículos passando em velocidade vertiginosa, o som dos pneus no asfalto, a sensação de liberdade, de estar fugindo do lugar comum, a mercê do inusitado...
Saber que a estrada não acaba quando termina sua viagem, ela te desafia sempre á ir mais adiante, pois como dizia o maluco do Nietzsche: “Quem alcança seu objetivo, pode ir além”.
De repente você para. Não em um posto, não em um restaurante, simplesmente para no acostamento. Sai do carro, fica quieto por um instante ouvindo o som da estrada. Os carros se aproximando, a intensidade do som aumentando e depois, vai abaixando, enquanto eles se afastam... O silêncio pitoresco desse não-lugar predomina de forma agradável e relaxante. Viajar, sempre estar quebrando uma inércia, para cair em outra, seja do movimento, seja da estática, a estrada propõe isso, como um punhado de frivolidades, que logo se troca, se abandona, e toma distância, afastando-se ao apertar o pedal do acelerador. De maneira volúvel, aquele lugar que ficou para trás, cede ao próximo horizonte às honras de ser destaque do seu traçado. Você esta quase que em um movimento retilíneo uniformemente variado. Você é o Az do volante, faz milagres com seu carro 1000, ou com seu fusca Fafá de Belèm, seu gol á ar, famosa chocolateira, ou mesmo com seu chevetinho invocado. Em pouco tempo já se estará em outra beira de asfalto tão desabitado quanto o anterior, por onde passam milhões, mas ninguém pertence aquele ponto do mapa. Talvez no maximo uma placa marcando a quilometragem, afundada na beira do acostamento, meio encoberta por capim, toda enferrujada como que querendo dizer : Estou aqui á muito tempo.
A paisagem muda passa rápida e a gente vê uma casinha no meio do nada, cercada por coisa alguma e pensa como será que esse cara faz para comprar pão de manhã...
Tudo isso me faz lembrar com saudade de um grande poeta, que trás a essência da estrada num dos versos de sua canção:

Toda estrada leva, á algum lugar,
Mesmo que não seja aonde se quer ir.
É preciso escolher, é preciso decidir,
Ver a direção, então partir.