segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Último Adeus




Adeus, não posso mais ficar. Achei que poderia, mas...

Este é meu último adeus, o afastamento fará com que fiquemos mais próximos das lembranças.

Sim, elas manterão isso tudo.

Este é meu último abraço. Nunca mais iremos nos abraçar. Sentir seu abraço é como morrer, porque não existe nada que se compare em vida.

Se eu for é para não olhar para trás, nem para frente. Pois se no passado esta a dolorosa lembrança de quando perdi você, então o que há no futuro sem você que valha a pena ser visto?

Beije-me, beije-me, por favor. Sem perguntas, sem respostas, não queira saber por que estou indo...

Deixe essa dor sem explicação, ela não merece que nada de plausível saia dos nossos lábios.

Não há explicação para o adeus, para o último adeus.





adaptação dos versos da canção Last Goodbye de Jeff Buckley

sábado, 5 de setembro de 2009

Complicado ser Simples




Já reparou como é dificil e complicado ser simples? Primeiro por causa do coceito que se faz de quem tenta ser assim. Por vezes o simples é tido como uma pessoa que não liga para nada, que não tem perspectivas e nem planos ousados para o futuro, não tem ambição, é calmo demais e até tido como preguiçoso, desinteressado e apático. Simples pode parecer pobre culturalmente, ignorante, raso, sem exigências e por ai vai. Uma enorme lista que faz desmerecer o natural, o plácido, o contemplador, o cara mais “orgânico”, enfim aquele que não anda conforme o rítmo banda larga nitro de nossa era.

Sabe aquela coisa de conversar com alguém sem se preocupar o que vai responder simplesmente ouvir*, conversar sem pressa. É complicado ser simples em uma grande metrópole, parece que os ponteiros do relógio caminham mais rápidos, sempre desfavorecendo você.

Quando se é jovem, a gente adora um ritmo puxado. Com um telefone móvel na cintura, bateria carregada, preocupado em saber se onde você esta naquele momento, tem sinal suficiênte para ser encontrado. Isso massageia o ego, sentir-se útil para quem quer que queira te encontrar naquele momento, você atende inúmeras ligações de amigos, parentes, pretendentes. Isso é quase a mesma coisa de estar em um lugar e em todos os lugares ao mesmo tempo. Você esta aqui agora, mas seu “espírito” se vai, quando atende uma ligação, e em muitos casos, não volta. Mas isso tem um preço, que só vemos mais tarde, mais á frente.

A vida se complica em um emaranhado de preocupações em sempre provar que se é o que parece ser sem ter liberdade para ser o que gostaria de ser... Simples. Complica-se porque já esperam isso de você, já contam com esse seu jeito de partir para cima todo hand´s on, abraçando tudo num aperto só. É ai que fica complicado ser simples. Parece que não temos mais essa opção.

Eu não quero ser este simples estereotipado.

Eu já não sei ser simples. Aprendi que o simples não tem graça; Mas a verdadeira simplicidade não esta na pobreza de espirito de alguém que não valoriza livros, cinema, exposições, a cultura em geral. Não. Ai mora a diferença entre o ignorante e o simples. Você pode ser simples e sagaz ao mesmo tempo. Informação e cultura não fazem com que as pessoas se compliquem. Se isso acontece, é porque você já era assim antes, complicado. Não é culpa do conhecimento. Acredito que quem sabe de verdade, quem lê se informa, não precisa bancar o complicado, viver de aparência pra camuflar a falta de alguma coisa. A aparência conta muito hoje, e ai que as coisas se complicam. Não digo apenas aparência física, mas posar de infalível, de bem sucedido, com cara de conteúdo, e não ter nada por dentro, não ser nada, apenas casca. Ai sim essa pessoa precisa se camuflar de complexidade, pra não deixar transparecer o quanto é pobre de espírito.

Ser simples é ser legitimo verdadeiro, assumir erros, assumir quem você realmente é, e não fazer um tipo pros outros verem. Simplicidade é liberdade.

*Frase da canção Tudo Certo do grupo Boca Livre.