sábado, 28 de junho de 2008

Medo e Esperança de ser Feliz


Eu tenho um medo, e acredito que muitos tenham também. Conhecer uma pessoa, se aproximar, se apaixonar, e depois...dar em nada. Ai vai mais uma decepção pra coleção de decepções que já se tem. Isso nos trava, nos limita a existência, nos deixa frustrados, inseguros e o pior, solitários. Porque você pode estar só, e não sentir solidão. Mas quando você vê seus amigos compartilhando a vida com alguém, esse sentimento vem e nos deixa muito mal. Será que eu não sirvo pra ninguém? Será que eu sou tão despresível, ou tão pouco como ser humano, que ninguém se interesse por mim? Meu destino é ver a vida por uma vidraça, sem poder tocar, participar, só sendo expectador?
Não há nada como o sentimento de ser desejado(a), amado(a), importante para alguém. Parece que a vida é pra ser assim, parece um complemento. É claro, tudo tem o lado ruim, mas será que vale a pena passar a vida tendo medo? Acho que não. Tenho certeza que não.
No fundo, não é o medo de se machucar, é o medo da felicidade. Tem gente que acha que o amor, ou um relacionamento afetivo de qualquer nivel, deve ser sofrido, doloroso, penoso, para ser verdadeiro, para ser legitimo. Mas não tem que ser assim. Podemos conhecer pessoas que nos trarão de volta a vontade de arriscar, e acreditar nos sentimentos mais primitivas e importantes da vida.

domingo, 4 de maio de 2008

Para onde fui?



Para onde foi o amor? Para onde foram os sentimentos puros e melífluos que movem o coração e a coragem? Onde foi parar o fogo da paixão e a intensidade do beijo, do simples afagar dos cabelos, e o olhar penetrante que excita a libido. Um olhar que diz tudo, sem usar palavras.
Tantos cuidados tomamos, que deixamos tudo isso de lado e voltamos á nossa “carapaça”. Fechamos as cortinas, para que o sol não entre e rompa a escuridão e o frio da solidão em nossos corações. Simplesmente não queremos essa luz á nos aquecer. Não. Damos preferência ao frio da solidão, mesmo concientemente não querendo e desdenhamos do amor. O calor de uma abraço, um beijo molhado e intenso e uma palavra ao pé do ouvido, dizendo segredos de liquidificador, e loucuras que queremos ouvir á muito tempo, nada são. Precisamos pensar, pensar e pensar. E ai, continuamos sós e pensativos.
Companhia, troca de idéias, maravilhosas piadas bobas soltas sem pretenção de fazer rir de verdade, apenas para quebrar o gelo, e tornar tudo mais quente, mais familiar, mais afável. Conversas deliciosas pelo telefone, e o desejo de estar próximo, de quebrar as leis da física e transpor as barreiras das coisas possíveis e se enfiar pelo cabo do telefone, linha á dentro, só para dar um beijo na pessoa que esta do outro lado. Há se isso fosse possível.
O gosto de se descobrir no outro, de conhecer, de namorar, de quebrar as regras e os horários rigidos da vida urbana.
Mas as coisas não são assim. Não. Nem todo esse mover dos sentidos e da ebulição interna dos acidos e enzimas são suficientes. Tem sempre um porém, que lança tudo isso fora, como coisa nenhuma, inútel vibração dos musculos cardiacos. Não podemos deixar que isso nos leve. Isso não é a razão, não é verdadeiro, é só empolgação, nada mais. Será?

Quando lemos esses sinais em nós, e deixamos passar, julgando sem importância, corremos o risco de estar nos perdendo numa razão sem justificativa, e ficamos sem descobrir para onde fomos. Nos perdemos no emaranhado de pensamentos, ponderações e reflexões.
Como dizia Carlos Drummond de Andrade:

“ ...Quem não namora, tirou férias de si mesmo...”.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

COISAS QUE FICAM


Quando as coisas deixam de ser simples, quando elas complicam mais do que podemos imaginar, vamos do conhecido e palpável, ao desconhecido e intangível em pouco tempo.



Resolvemos não nos conformar com o que estava diante de nós e buscamos ir além. Acoplado a isso, a essas descobertas e conhecimentos que se descortinam , vem a cobrança, e uma responsabilidade enorme. Você quer mais conhecimento? Quer ir além? Então prepare-se para ter acesso á coisas e informações que irão lhe tirar aquilo que você chama de chão.

É uma delícia conhecer, descobrir, entender, expandir a mente, aumentar as possibilidades, amadurecer, mas esse é um caminho sem volta. Uma vez nele, jamais seremos os mesmos novamente.
Existe uma linha limite da qual se ultrapassa para nunca mais voltar, e seus conceitos, princípios, valores e possibilidades, mudam, e se transformam em coisas muito mais complexas. Não que isso seja ruim, o conhecimento da verdade liberta, trás novos horizontes, mas dizem que “felizes são os ignorantes”.
Não há dúvidas que a vida deles é mais simples, comedida, limitada, portanto, menos polêmica, tranquila e mais próxima da satisfação, exatamente por serem assim.
Não me arrependo de nada, em momento algum. Mas como sou saudosista, fico lembrando de uma época em que tudo era simples, inocente, puro, com total falta de malícia.
Outro dia, ouvindo uma música, me deu um estalo. Parecia uma viagem no tempo. Era como que se fosse acionado um dispositivo em minha mente e fiquei totalmente estático, tentando "prender" aquele momento, para que ele não passasse tão rapido. A impressão que tive era que se eu me movesse, aquela sensação iria embora.
Quando eu era pequeno, e ia á igreja, haviam músicas parecidas com essa que estava ouvindo, entoadas por todos, acompanhados por um precário piano mal tocado, um violão velho, ou um órgão com o vibrato no máximo. A preocupação não era a entonação, o ritmo, muito menos se as vozes soavam nítidas ou belas. O importante era cantar com toda força dos pulmões. Essas canções falavam de esperança, dedicação, fé, amor, paz, e um futuro bilhante em um lugar onde as ruas são de ouro, os homens cegos podem ver e o mal não pode alcançar. Onde todo sofrimento tem seu fim, as dores e as tristezas terminam definitivamente. Diziam de uma terra além do rio, onde pequenos sinos de ouro tocam, e a paz é imperturbável. Toda natureza e os homens vivendo em equilíbrio e união.
Era uma época em que pelo menos eu, acreditava em tudo. E isso acabava por trazer esperança de dias melhores, mesmo em meio a uma vida difícil e turbulenta que levavamos.
Aquelas músicas que eu estava ouvindo me levaram para esse tempo numa viagem da conciência enebriada por um breve momento.

Lembrei que era como se os problemas, os medos, as dificuldades, a falta de dinheiro, tudo isso, simplismente desaparecesse. Transformado-se em pequenas coisas sem importância, e toda dor e preocupação, sumiam. Me senti cantando aquelas canções novamente, por entre os bancos e cadeiras velhas de madeira. Todos pareciam sedados, anestesiados, flutuando em catarse coletiva, e de repente...A vida parecia ter melhorado, no fim da última estrofe, tudo estava resolvido.

Lembro de pequenas igrejas, com o reboco caindo e a pintura por fazer, onde pessoas cheias de fé, em bairros pobres, no meio do nada, na escuridão da noite, cantavam juntas, sobre forças que desafiavam o universo.
Fiquei paralisado, curtindo esse momento, essa bruma, pensando nessas coisas, que pertencem á um passado que hoje parece tão distante, uma época singela, quando se cria na vida de forma mais simples, onde tudo era possível.








"...findarão as agruras da vida,
Quando a névoa do mal passar,
A de a noite fugir, ante o vivo lizir,
Quando o dia eternal raiar.”

quinta-feira, 6 de março de 2008

"A coisa mais terrível que pode acontecer a um homem é se tornar ridículo aos seus próprios olhos num assunto de importância crucial, ao descobrir, por exemplo, que a soma e a substância de seu sentimento não passam de pura besteira."
Filósofo Dinamarquês.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Lizandra


Os Imãos viraram Tios
A mãe agora é avó
e os Avôs são bisavos
e daqui a um ano vai ter festinha
e em 15 anos ela vai ser mocinha
Lizandra Perfeita
e de um casal de simples namorados, surgiu uma familia.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

“Cochilando no ponto”

Sabe acredito já ter ido ao casamento de quase todos os meus colegas antigos, ex-namoradas inclusive. Não, não fui de bicão não, fui convidado e tal, tudo certinho. Em alguns fui torcendo pro noivo ser mais calvo ou mais gordinho do que eu. E dos meus colegas então... Já fui até padrinho de grandes enlaces matrimoniais. Digo com sinceridade que foi um prazer. Mas estranhamente, depois que a festa acaba, não tenho muito contato com eles não. Às vezes pelo Orkut, mas muito pouco. Isso não chega a ser uma critica á eles, e talvez se fosse ao contrário eu faria o mesmo. Afinal de contas agora eles estão casados e pertencem á um mundo novo, uma nova dimensão, estão em um ponto diferente da vida. Serão pais e mães de família, e no máximo, irão falar sobre o bebê que esta por vir ou vão me mandar o convite para a primeira festa de aniversário do filho deles. Sem problemas, adoro crianças.
Pois é, eles optaram por seguir um caminho certinho, do tipo, namore, fique noivo, e se case. Tenha uma religião, freqüente uma igreja e seja um bom pai, uma boa mãe dentro dos padrões sociais aceitáveis. Fique dentro da área de segurança, e não ultrapasse a faixa amarela.

E eu... Bom, parece que o tempo passou, e eu deixei que todos os eventos “normais” que deveriam ter se seguido naturalmente, como aconteceu com eles, fossem desfilando na minha frente, sem que eu escolhesse nenhum deles. Agora, é cada um na sua, em seus mundos, em seus ambientes hermeticamente fechados e protegidos de mudanças.





Eu deixei passar e não peguei esse ônibus, to ainda aqui, no ponto, esperando passar um, que me leve onde eu realmente gostaria de estar. Será que vou relutar e depois acabar pegando a mesma condução que todos pegaram, só pra não ser diferente? Não, mas se eu fizer isso, vai ser porque chegou a minha hora, o meu momento, e não por embalo, e não por ter ficado sozinho no ponto.
A gente não programa isso. É como se os itinerários não lhe atraíssem. Só que quando você não faz uma opção padrão, parece que ficou para trás, parece que todos embarcaram, e você ficou, ou então se perdeu no caminho por descer antes do ponto certo... Esse é um sentimento difícil de lidar. Mas posso dizer uma coisa, na qual passei a acreditar, depois de um tempo, e que se resume bem na seguinte frase: “Só quem se perde, encontra outros caminhos”.

Há outros destinos, que podem ser bem interessantes também. Rauzito dizia:

“... é chato chegar, a um objetivo num instante, eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”

Eu sei que não é fácil ser assim, é muito mais fácil seguir o fluxo. Há muita critica e muita aporrinhação. Mas e daí, num foi isso que eu escolhi? A final não somos meras vítimas das circunstâncias, nós escolhemos.
E tem mais, logo não vou me sentir tão só nessa espera. Acredito que vão aparecer outros que compartilham da mesma vontade de ir além, ou de conhecer outros caminhos. E ai, tudo fica muito mais interessante. Enquanto isso, sei que algumas vezes vou pegar o ônibus errado e pedir pra descer de repente, em algum ponto desconhecido da vida.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Escolha






É a falta de amor, ou o excesso que nos faz sofrer? Amando demais, demonstramos fraqueza, falta de orgulho próprio? Se amar de menos, vazio, frieza, indiferença?
Se alguém se entrega demais a uma paixão fica totalmente exposto, abre as portas para a dor da perda, da magoa, da angústia, do ciúme de saber que nunca vai ter exclusividade? Se não se entrega é covarde, egoísta, medroso, inseguro?
A medíocre conclusão que chegamos é que os dois são ruins e bons, ao mesmo tempo.

E ai, qual sofrimento você vai escolher?